Rubens Kignel
3 min readDec 15, 2019

--

Rubens Kignel

"Psicoterapia, uma experiência importante".

O que é e por que psicoterapia:

Vamos começar de modo simples: “terapia” vem da palavra “therapea” em grego e quer dizer cuidar e ser cuidadoso.

O teatro de Dionísio na Grécia antiga, era um teatro em que o ator procurava uma forma de provocar no público uma ressonância afetiva, emocional ou física de forma que as pessoas entrassem num processo de transformação.

Chamavam isso de catarse, que é um estado de libertação psíquica, emocional que uma pessoa pode vivenciar superando situações repressivas, fóbicas ou outras perturbações, além de tomar um conhecimento maior de si mesmo.

Portanto no meu entender, terapia vem dessa relação entre ator e público, que forma entre si aquilo que chamamos de teatro, o espaço potencial onde uma relação ressonante acontece.

Pitágoras através da música cuidava e tratava das pessoas portanto também era um relacionamento terapêutico.

Podemos com liberdade traduzir terapia como sinônimo de relacionamento, contato com o outro, estar com o outro dentro de certos princípios éticos fundamentais, que além da humanidade incluem: uma técnica, um conhecimento cultural e cientifico a serviço do relacionamento que procura por “convicção” e “conhecimento de si mesmo” dentro dessa experiência.

“Psiquê” significa: sopro de vida e as faculdades da alma, entretanto o sentido mais originário do termo é “respiração”, “sopro”.

Portanto psicoterapia tem a ver com relacionamento, estar com o outro, respirando, inspirando e espirando, indo para fora e para dentro à procura de si e do outro, um desconhecido dentro de um espaço potencial de ressonância, de empatia, de projeção, de conhecimento, técnica e de transferência de histórias vividas e a viver.

A maioria das vezes a procura por psicoterapia se baseia na procura de um futuro melhor ou de um futuro possível. Trabalhar com questões do passado, ou com problemas do presente para que se desenrole um futuro melhor.

Como certas questões do passado se referem a relacionamentos onde houveram dificuldades fundamentais, a relação com o psicoterapeuta passa a ocupar um espaço importante na transformação daquilo que numa relação passada ficou reprimido no inconsciente, dificultando o caminho para um futuro com suas próprias convicções e desejos.

O segredo do inconsciente, é como o segredo da esfinge: demanda uma descoberta, uma revelação, para que o caminho se abra. Nada do passado será modificado, mas novos significados e novas possibilidades poderão se revelar no des-envolvimento.

Des-envolver-se, significa soltar-se, desgarrar-se dos valores que obstruem, intoxicam e empobrecem a capacidade criadora de novas possibilidades.

Como diria o psicanalista e psicodramatista Alfredo Naffat, a psicoterapia cuidará do des-envolvimento da vida através do des-abrochar de conteúdos perdidos no universo corporal.

O espaço psico-terapêutico é um espaço seguro e privado, onde o paciente pode trazer assuntos e experiências que não poderiam ser compartilhadas em sua vida cotidiana.

Problemas que podem ser de natureza reflexiva ou questões mais pesadas como assuntos de violência caseira ou no trabalho, abusos físicos e morais de qualquer natureza, auto flagelação, etc.

Todos esse problemas são compatíveis com o trabalho do psicoterapeuta, que poderá ajudar a encontrar soluções possíveis, onde o paciente poderá em si mesmo ganhar o conhecimento e a força de tomar determinadas decisões.

O potencial espaço da psicoterapia pode, além de levar uma pessoa a um melhor conhecimento de si mesmo, a compreender e elaborar sofrimentos que nos acompanham de forma desconhecida (perdidos no inconsciente) e a resolver problemas que parecem insolúveis quando vistos somente com os olhos de quem os porta.

Um terceiro olho neutro, profissional e afetivo ajuda e é muito importante num processo de vida. Se você se sentir incluído nesses fatos não deixe de procurar ajuda.

Enquanto isso não deixe de conversar com amigos, familiares e pessoas de confiança. Pode-se encontrar apoio em várias pessoas. O importante é quando em sofrimento não ficar só, sempre tem alguém por perto.

Rubens Kignel

--

--

Rubens Kignel

Professor e Psicoterapeuta, Dr. em Comunicação e Semiótica (Universidade de Bologna). Ensina do Brasil, Europa, Japão nos últimos 40 anos.